sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Conveniência x Comprometimento


Delion Teixeira Pereira
Conveniência x Comprometimento
Procuramos sempre obter facilidades para nós, mas para proporcionar facilidades, precisamos ser comprometidos, pois “o comprometimento, nada mais é que a retribuição da confiança em nós depositada”, algo tão precioso e raro nos dias atuais.
Só obter que é conveniente, sem se comprometer em proporcionar facilidades, é no mínimo uma atitude incoerente, pra não dizer ingrata, mas existe uma frase conveniente que diz: “favor não se cobra,” então... Ficamos de mãos atadas.
Existe um lado comprometido que nos diz: “a mão que alcança, também gosta de receber,”, mas existe também um lado conveniente que argumenta: “tu não foi obrigado a fazer nada! Ti vira! Problema é teu!”
Estes dias durante uma corrida, um taxista me contou a seguinte história: Ta vendo o painel ai? – Sim estou vendo (óbvio). –Pois é cara! Estes dias uma passageira... Jovenzinha bonitinha sentou e já colocou seus pés no painel. Pés lindos! Unhas bem pintadinhas, vermelhas. Da cor do pecado! Uau! (pensei eu.).
Pois é cara ai ela me perguntou: - Gostou de meus pesinhos titio! –Ai, eu levei a mão e coloquei nos pés dela e disse: bonitas patinhas. -Patinhas!!! (espantou-se ela). Eu disse: - Sim. Gatinha tem patinhas! –Há tio... Tu é um amor.
Ai ela falou. – Tio; vamos para um lugar mais reservado! (pausa para imaginação fértil). Ai, falei pra ela: - não! Só as patinhas tá bom. – Mas porque tio? -Tenho namorada e já faz mais de 40 anos. –Mas qual problema tio... “Ela não vai ficar sabendo!” – Mas eu vou ficar sabendo. E ai como vou me olhar no espelho com estes dois olhos que Deus me deu, sabendo que trai a confianças de minha namorada.
Eu surpreso com o enredo final da história (provavelmente o leitor também), comentei: - muito bonito seu comprometimento, uma lição de vida, pois também compartilho desta opinião, de que a família deve ser sempre preservada. Ai ele complementou com o seguinte argumento final.
Ele disse: - eu não quero virar escravo do sistema. Imagina se eu aceito o convite dela. E se começo a achar conveniente repetir a façanha? Muito provável que um dia ela apareça com um filho “MEU”, dizendo pra “eu” assumir minhas responsabilidades, provavelmente mais tarde ela me exigiria um carro, afinal, o filho é “meu” e vai precisar  ir ao médico, ele merece tratamento igual os outros. Isto sem contar na desagregação familiar que significaria esta suposta aventura. Ai complementou. - Será que vale correr este risco, sujar seu caráter, trair a confiança de sua “namorada,” destruir sua família, tudo por umas patinhas sedosas de uma bichana? Resposta óbvia: Claro que não!
Caros leitores. A tentação conveniente é igual a um pássaro que pousa em sua varanda, e você o espanta só pra o ver voltar novamente. Um dia você se acostuma com ele, ai vem o sistema e percebe que você pela atenção dispensada ao pássaro, o qualificou como espécime raro, e então determina que aquele espaço pertence a ele, afinal de contas, as leis ambientais protegem os passarinhos. Então você começará a sentir o peso do sistema, quando perceber que uma simples brincadeira, fez com que parte do que você lutou tanto pra conseguir, foi parar nas mãos do “passarinho”.
Coitado de quem vive uma vida de conveniências, sem se preocupar em ser comprometido, achando que a vida é uma eterna “novela,” onde o final é sempre feliz.
Quem pensa assim, esta em uma caverna escura, e a única coisa que escuta é ecos destoados, do que supõe ser a realidade.
Pergunte-se: Você é uma pessoa disciplinada comprometida, ou um fraco  indisciplinado conveniente? Afinal quem manda: é você ou o passarinho?
delion@conectsul.com.br