sexta-feira, 18 de março de 2011

Ritmo do Serviço Público

Estou há um ano no setor público e sinceramente não consegui ainda me adaptar a este ritmo lento e burocrático. Trabalhei vários anos na iniciativa privada.
Lembro bem meu primeiro dia de trabalho no setor público, não fazia a mínima idéia do que significava a palavra empenho, e quando me pediram para fornecer as AIDOF, quase levei como ofensa pessoal.
No primeiro dia, quando meu chefe veio me explicar o que era empenho e a diferença entre empenho global e empenho de processos de despesa, minha colega interrompeu, dizendo que eu não precisava saber daquilo ali, pois meu trabalho éra Tributação. Pra mim que conhecia o significado de "gestão compartilhada", achei o fim do mundo.
Não é que o ritmo do serviço público seja tão fraco, o problema que é um espécie de pressão desorganizada. Um vulcão de informações desencontradas, onde nem todos os processos estão bem claros e nem todas as funções estão bem definidas.
Inovar em serviço público, só se você estiver trabalhando sozinho, porque senão... Seus colegas vão te fritar, pois se antes era feito de uma forma, porque mudar agora.
No serviço público você aprende por conta, ou então em cursos de graduação ou cursinho não direcionados, porque nos cursinhos direcionados, a entidade elabora apostilas, que tem só o básico dizendo que se faz assim e assado, mas não dizendo o porque, mantendo você meio que dependente de mais e mais cursinhos de aprimoramento, ou seja, você nunca tem domínio da função que exerce.
Outro detalhe, um simples sim ou não, não é suficiente, todas as ações têm que ser por processo é o principio da transparência ou publicidade, então se você for acusado de algo, mesmo que seu chefe saiba que você é inocente, prepare-se para um processo administrativo.
E os sistemas operacionais do setor público. São altamente configuráveis, mas vem todo desconfigurado, tem atualizações freqüentes. E cada vez que você quer integrar um departamento, tem que pagar “hora técnica” para o profissional da empresa integrar os sistemas. Caso o sistema sofra atualizações, a empresa fornece treinamento, mediante pagamento claro.
No meio disso tudo ainda tem os consultores que muitas vezes vão só confirmar que o que você fez esta certo ou então para elaborar aquele modelo de documento que é igual aquele que você fez, só que com outras palavras, mas amparado nas mesmas bases legais.
Por ultimo convém ressaltar, que existe muito marketing anti-pessoal, pois a chefia geralmente é cargo político e muda com freqüência e a cada nova mudança de chefia pode ser uma chance de mudança de FG, ou seja, é mais fácil conseguir FG, falando do colega, do que mostrando o próprio trabalho.
        Estes dias uma colega minha com mais de 20 anos na mesma função, teve uma crise e foi para no médico que a encaminhou ao psicólogo. Fico pensando será que quero isto pra mim.
        Claro que sei que o ser humano tende a valorizar menos o que tem ao seu alcance, mas como faço cursos particulares freqüentes, estou sempre atualizado e recebo de vez em quando, algumas propostas de trabalho, minha saída do setor público não esta descartada.
        Resumindo o serviço público compensa pela estabilidade, mas tira um pouco nossa criatividade.
        
Veja abaixo uma Coluna do Max Gehringer, que fala sobre o assunto.

Ritmo do Serviço Público - Max Gehringer - CBN